sábado, 1 de janeiro de 2011

Atitude.




Os ponteiros do relógio moveram-se e, de repente, estamos num novo tempo, ao som de uma outra música mas eu continuo igual, de cabeça na lua, coração ao vento e pés nas nuvens.
Não me esqueço do que se passou, é mais forte do que eu, é persistente, não me esqueço do quanto ficou por dizer, por bater, por criticar, não me esqueço de como me sinto usada, suja, de como me sinto traída, mais por mim do que por ti.
Vi a placa de rua sem saída e, mesmo assim, de leve pensamento deixei-me ir, deixei-me levar pelas cores daquelas casas, pelas texturas daquelas estradas, daqueles passeios, pelo encanto daquela rua. Não demorou muito até que eu visse o maior muro com que alguma vez me deparei, que, simplesmente, me cobre, ainda, com a maior e a mais fria sombra que alguma vez senti.
Empurrei, bati, tentei subir, gritei e nada se moveu, nada se alterou apenas me ridicularizei, me humilhei, repetidamente fui ignorada, abafada pelo eco, pelo vazio.
Já não acredito em nada, não dou credibilidade alguma aos momentos, às palavras carinhosas ou às promessas.
Não consigo distinguir o que dói mais, ter comprovado que isto não foi mais do que um capítulo, mais uma história para ganhar pó no sótão ou saber na realidade que, embora eu conscientemente não acreditasse, inconscientemente eu esperava outra coisa, uma coisa diferente, eu e tu.
Nunca me engano quanto a alguém, não me lembro de uma única vez, aliás lembro, já me enganei várias vezes mas em relação a mim, quando penso que sou uma coisa, surpreendo-me nas mais diversas situações mostrando-me ser outra, mas em relação a ti, nunca, sempre soube o que eras, o que és e, sinceramente, reprovo mas não sei, perdi-me no mar e tu foste a minha bóia de salvação naquele momento e, agora, que estou em terra, já não preciso, já não quero, nem lembrar-me que alguma vez me perdi, que alguma vez precisei que me salvassem.
Estou cansada dessa atitude, ou da falta dela.
Por agora, isto nem para história de ganhar pó no sótão serve...

2 comentários:

  1. Tu consegues deitar esse muro abaixo, a força já a tens *

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  2. Obrigada * (por acaso não é dos meus preferidos (: )

    Adoro este o: «Não consigo distinguir o que dói mais, ter comprovado que isto não foi mais do que um capítulo, mais uma história para ganhar pó no sótão ou saber na realidade que, embora eu conscientemente não acreditasse, inconscientemente eu esperava outra coisa, uma coisa diferente, eu e tu.» (L)

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