terça-feira, 21 de setembro de 2010

Abstrato


Quero ser raptada, quero que me tirem de mim mesma, quero que me cortem a respiração e me façam sentir o medo que nunca senti, quero que a vida me corra pelas veias e me acelere o coração. Quero estar fora de mim e descobrir os recantos dessa sensação inatingível.
Quero magoar e quero sentir-me magoada.
Preciso que algo me faça renascer, abrir os olhos e ver o que estou a perder, voltar à guerra, não pelos outros ou pelo mundo mas por mim, pois ninguém mais o fará.
Novos caminhos planeio percorrer, pois estes levam-me sempre aos mesmos destinos, às mesmas pessoas. Preciso de respirar novos ares, diferentes daqueles que me intoxicam pouco a pouco, todos os dias.
Tenciono guardar, esconder, numa caixa de cartão no sótão, na divisão mais complexa que conseguir, todas as velhas rotinas e hábitos obtidos e viver, viver e adquirir novos hábitos e novas rotinas ou viver, até, sem eles.
Sonho em ser livre, sem horas, sem casa, sem preocupações ou consciência; fazer o que quiser e me der na real gana! Livre pelo mundo, com os meus fantasmas e tormentos.
Não quero ser mais uma sonhadora barata que tudo o que diz não tem a minima credibilidade, não quero sonhar sem lutar, não quero sentir vergonha e desilusão pela pessoa em que me tornarei, quero saber o que é sentir-me realizada e orgulhosa de mim mesma. Não quero saber o que é, eu própria, já não acreditar em mim!
Não quero viver no cinzento!
No fim, quero que o cansaço seja imenso, esmagador, que me impossibilite de continuar, pois se assim não for, não pararei. Quero soltar o meu último suspiro com um sorriso pelos sonhos realizados e pelas lutas travadas, quero ter a certeza que não poderia ter feito mais, embora, com a consciência de que haveria muito mais.

2 comentários:

  1. Muito: é quando os dedos da mão não são suficientes.
    Pouco:é menos de metade.
    Ainda: é quando a vontade está no meio do caminho.
    Lágrima: é um sumo que sai dos olhos, quando se espreme o coração.
    Amizade: é quando tu não fazes questão de ti própria e te emprestas a outros.
    VERGONHA: é um pano preto que tu queres para te cobrir naquela hora.
    Solidão: é uma ilha com saudade de barco.
    Abandono: é quando o barco parte de ti fica.
    Saudade: é quando o momento tenta fugir da lembrança para acontecer mais uma vez e não consegue.
    Lembrança: é quando, mesmo sem autorização o teu pensamento representa um capítulo.
    Ausência: é uma falta que fica ali presente.
    Tristeza: é uma mão gigante que aperta o teu coração.

    Como vez a VIDA tem altos e baixos.
    A vida é curta... Aproveita em quanto podes...

    Imy

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  2. Adorei, transmites bem o que a maior parte deseja *

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