quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Procura-se!


Abraça-me e deixa-me ouvir o teu coração, faz-te sentir junto de mim!
Passa a tua mão pela minha cabeça, num gesto de ternura, e diz, diz que tudo vai ficar bem.
Onde é que me perdi, quando é os meus passos perderam a cor?
Será que me perdi sem, primeiro, saber quem realmente era?
O tempo não espera, não pára, não volta atrás, mas eu gostava, gostava de poder para-lo só para ter mais um segundo para me procurar.
Gostava de congelar o meu corpo, sentir-me a adormecer pela última vez para dormir os cem anos que a mim prometi. Para que todas as memórias fossem deterioradas, para que todos os passos e palavras perdessem o significado que até ali tiveram. Todos os tormentos iriam ficar mais leves e menos assustadores, tudo à minha volta não iria passar de vazio sem importância.
Ouço o que a noite me sussura, grito de saudade e desespero à escuridão que ela me mostra!
Fica comigo, só por hoje, só por agora, envolve-me como só tu sabes fazer, por amanhã e por todo o tempo que me sentirei ao desvario!
Beija-me se te gritar, socorre-me se me calar! Não deixes que o silêncio te diga o que eu escondo!
Abandona o que de mim sobra, deixa-me ao sabor do vento mas não fujas, não te esqueças, nunca, de mim! Diz-me o que os meus olhos te contam, pela última vez!
Soletra o teu nome na minha pele, uma última vez e, vai, descobre, luta, voa.
Lê-me os pensamentos e toca-me a alma, faz-me passar por louca!
Fala-me na língua do amor e mata-me.
Deixa que o "nós" se esfumasse, no céu, para que assim, pequenos fragmentos teus e meus, se espalhem por aí.
Procura-me se eu não me encontrar, diz-me quem sou...

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