
És cidade, és ruídos, histórias e és amor.
Finjo que os meus pés não me levam a ti, que a minha cabeça não te chama secretamente, engano-me sem pensar duas vezes.
Assim é, a grande cidade invicta, numa noite de Outono, cheia de pessoas e tão só, tão luminosa e tão fria, tão barulhenta e tão calada, tão bonita e tão obscura, tão apaixonante e tão esquecida.
Guardas mais histórias que um livro, escondes mais segredos que um diário mas desmanchas-te quando vês o sol.
O chão foge-me dos pés, assim como o tempo me espaca das mãos e tu, tu renegas a dor que sentes e cobres-te com véus para te protegeres, dos outros e de ti!
Mas quando dás pelo pôr-do-sol tudo muda, tu mudas, sofres uma metamorfose que me impede de te ver, de te sentir, de te agarrar, depois do pôr-do-sol não és mais tu, não somos mais nós, não és mais a minha cidade, o meu mar ou a minha terra!
Trocas as cores, erras nos caminhos, aumentas a saudade, entortas as pessoas e matas os sentimentos.
As nuvens encobrem-te, o sol desmascara-te. O vento faz-te chorar e relembrar, pensar e sentir.
Em ti escreveram promessas que a erosão apagou e o tempo levou.
Em ti, tudo aguentas, tudo escondes, embora mudes, nada mais muda do que as águas que por baixo de ti correm, a cor desgastada dos teus prédios e a história das tuas ruas.
Meu porto, minha cidade, meu mar, minha terra, meu eu.
Está lindo, adorei *
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