Correcta ou feliz?

Não é minha intenção, mas sou assim, é feitio, sou directa.

Não tenho o direito, eu sei, mas nem por isso deixo de sentir o que sinto, deixo de ter as vontades que tenho!

Neste momento, é uma parte de mim, uma parte que aprendi a gostar e me faz sentir bem, mesmo sabendo que é o fruto proibido.
Habituei-me, é uma capacidade que os seres humanos possuem, adaptam-se às situações, se é defeito ou qualidade já não sei, mas a verdade é que me habituei e gostei.
Correcta ou feliz? Ambas ao mesmo tempo, se possível, mas hoje, só por hoje, escolho feliz, amanhã será outro dia e amanhã serei adulta e correcta mas hoje...

Não consigo pensar, não consigo sentir, o dia de ontem não me sai da cabeça e ainda tento sobreviver ao de hoje, nem me passa pela cabeça o que terei que enfrentar amanhã mas, sinceramente, faço por não pensar nisso! É mais fácil se me convencer que tudo não passou de um sonho, custa menos se me convencer que esta não é a minha realidade, nunca foi e, por isso, não tenho o direito de me sentir dona dela, embora sinta.

Sim, seria perfeito se no fim, o sol e a lua ficassem de novo juntos como um dia estiveram (segundo as histórias) mas se isso acontecesse deixaria de haver o dia e a noite e passaríamos a ter o apocalipse todos os dias e, isso, iria fazer com que o apocalipse perdesse a sua magia, porque é tão único e raro de se ver!

O tempo mata-me, tu matas-me, isto mata-me, eu mato-me, aos poucos.

Dias passam, nestes eu desvaneço e sufoco, eu espero e desespero, dias passam e meses parecem.

Eu não gosto mas preciso, eu não chamo mas os meus olhos doem de tanto gritar. Sinto que entrei numa guerra contra mim mesma.

Já é tarde demais para voltar atrás, as coisas não são como antes, envolveram-se por elas próprias, ganharam vida e seguiram o seu rumo e agora é tarde, já não está nas minhas mãos e, isso, deixa-me louca. O tempo passou, a erosão apagou muitas coisas mas não isto e, eu continuo aqui mas não da mesma maneira, não com a mesma vontade, não com a mesma presença mas continuo aqui, à espera do apocalipse.